10 de agosto de 2010

Capítulo 2 - De Onde Vêm as Diferenças entre Católicos e Protestantes?


Muitos me falam: “Vocês, Protestantes, interpretam a Bíblia de uma maneira e a Igreja Católica de outra”. As diferenças, contudo, não são de interpretação, mas de autoridade. Para os Protestantes a Bíblia é a autoridade e a Palavra de Deus. Certo padre resume isto muito bem, quando exclama com desgosto: “Vocês, Protestantes, acreditam em tudo que esse livro diz!”

A ênfase bíblica, que é a herança Protestante, é visível até na Arquitetura dos seus edifícios. Na Igreja Católica, o altar fica bem na frente. Ali supõe-se que o sacrifício de Cristo é renovado na Missa. Na Igreja Protestante, o púlpito fica bem no centro da atração. É essencial colocar a Bíblia numa posição em que fique fácil para o pregador ler, porque a leitura e pregação da Palavra de Deus é a parte central do culto Protestante.

A Igreja Católica aceita oficialmente a Bíblia como inspirada por Deus, mas não como autoridade final. A Tradição junto com os pronunciamentos dos Papas e Concílios têm a mesma autoridade. Há entretanto muitos pontos em que a Tradição da Igreja Católica não está de acordo com a Bíblia. É nestes pontos que cada um de nós precisa decidir o que vai seguir.

Uma Igreja Mutante


Ao decidir se devemos nos submeter à autoridade da Bíblia ou da Igreja, devemos levar em consideração o fato de que aquilo em que a Igreja Católica crê estar certo ou errado muda com o passar do tempo. Celebrar a comunhão na linguagem do povo foi, durante muito tempo, considerado uma heresia Protestante. A Missa tinha de ser rezada em Latim. Então veio um período de mudanças iniciado pelo Papa João XXIII, quando a Missa passou a ser rezada na língua do povo. A Bíblia, entretanto, não muda e, por conseguinte, não pode concordar com uma Igreja mutante.

Certa vez uma senhora Católica idosa me falou: “Se o Papa quer comer carne às sextas feiras e ir para o inferno, ele pode, mas eu, não!” Mesmo que a Bíblia concorde com a doutrina atual de que comer carne às sextas feiras não é pecado, não pode, todavia, concordar que comer carne às sextas feiras, antes, era pecado.

Através dos séculos muitas mudanças têm sido feitas nos ensinos da Igreja, os quais estão totalmente em desacordo com a Bíblia. Poderia ilustrar isto com a aceitação da veneração de imagens nas igrejas (Veja Cap. 4). As diferenças entre a doutrina e aqueles para quem a Bíblia é a autoridade final não resulta do desejo protestante de ser ofensivo, mas talvez do fato de que onde existe um conflito entre os ensinos da Bíblia e os da Igreja Católica é impossível acatar ambos. Cada um deve escolher nestes pontos a quem deve obedecer.

Na maior parte as Tradições contrárias à Bíblia começaram nos anos 300 d.C., quando o Imperador Constantino assumiu a Igreja, e foram gradualmente se desenvolvendo até se tornarem dogmas da Igreja, embora muitas doutrinas anti-bíblicas sejam de origem mais recente.

Influência Protestante na Igreja Católica


Um desenvolvimento mais recente e que dificilmente evoluirá é o Movimento Ecumênico, o qual inicialmente não começou na Igreja Católica. Ele começou na ala liberal (também chamada modernista) entre as Igrejas Protestantes que já não criam mais na Bíblia. Como resultado, elas já não mais sustentavam os ensinos bíblicos mais fundamentalistas, como: a salvação é um dom gratuito de Deus, a qual é recebida pela fé em Jesus Cristo. Por causa desse deslize na fé, eles já não tinham uma mensagem clara para oferecer. O resultado é que nas Igrejas Liberais a freqüência começou a diminuir.

Enquanto uma grande congregação podia facilmente manter o grande edifício de sua Igreja, um pequeno grupo agora estava com problemas. Geralmente isso acontecia com a Igreja de outra denominação liberal, ali perto. Por que então não juntar as duas congregações num só edifício, vender o outro e assim resolver o problema de freqüência nas Igrejas? Assim, a prática motivação financeira, bem como o desejo de unidade, concorreu para aumentar o Movimento Ecumênico dentro das Igrejas Protestantes.

O Catolicismo Romano achou atraente essa idéia de unidade do Movimento Ecumênico e ainda havia a idéia prática, que oferecia à Igreja Católica a possibilidade de juntar-se às denominações que iriam surgir. A fim de proporcionar um Catolicismo no qual os Protestantes se sentiriam mais livres para entrar, a leitura da Bíblia começou a ser encorajada entre os Católicos e mudanças foram feitas na Liturgia Católica Romana, a fim de ficar mais parecida com a dos Protestantes.

Infelizmente, porém, em seu desejo de ser como os Protestantes, muitos Seminários Católicos começaram a ensinar as Teologias Liberais que haviam levado tantas Igrejas Protestantes para longe da Bíblia e de Deus. Os resultados foram os mesmos. A freqüência às Igrejas Católicas começou a diminuir, dando à Igreja Católica Romana a mesma poderosa e prática motivação de juntar-se às Igrejas dos grupos Protestantes Liberais.

Enquanto a influência da Bíblia aumentava entre alguns Católicos porque estavam lendo-a mais agora do que era permitido antes, outros Católicos estão sendo bombardeados com os ataques liberais às verdades bíblicas.

Outro movimento da Igreja Católica que veio através dos Protestantes foi o Movimento Carismático, que se iniciou na Igreja Protestante, na Califórnia, em 1901. Este, primeiramente fez as Igrejas Protestantes levantarem-se e, em seguida, deslizando através das linhas denominacionais, deu início ao Movimento Carismático Católico.

Por que Seguir a Bíblia?


Através dos séculos a Bíblia tem sido odiada e destruída como nenhum outro livro jamais o foi. Provavelmente mais cópias da Bíblia foram queimadas do que as de todos os outros livros juntos. Mesmo assim, hoje muitas pessoas a lêem e muitas pessoas a possuem e ela é traduzida em muitas línguas e publicada em muitas cópias, mais do que qualquer outro livro.

Não apenas milhões de pessoas lêem este livro hoje, mas milhões de outros no passado deram suas vidas para tornar conhecida a sua mensagem. Por que?

· Porque ela tem transformado vidas cheias de pecados em vidas boas e dignas. Através da sua influência elas vieram a conhecer Deus e servir de ajuda aos que estavam ao seu redor.

· Porque ela é inspirada por Deus: Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra (2 Tm. 3:16). E para dizer mais, ela oferece evidência convincente de ser realmente inspirada por Deus. Por exemplo, muitas de suas profecias já foram cumpridas. A doutrina Católica também afirma que este livro é inspirado por Deus.

· A Bíblia contém tudo que é necessário para levar um cristão à perfeição. O verso acima mencionado continua: A fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (v.17). Não precisamos adicionar coisa alguma da Tradição para levar o cristão a este completo estado de perfeição.

· Porque, como afirma o Apóstolo Pedro, em sua segunda Carta, a Bíblia é mais confiável do que aquilo que ele havia visto com seus olhos, ouvido com seus ouvidos, porque foi escrita por homens inspirados pelo Espírito Santo (1 Pedro 1:16-21). Parece óbvio que a Bíblia é mais confiável do que aquilo que o próprio Pedro havia visto e ouvido e que ela merece mais confiança do que a Tradição que a contradiz.

Alguns interpretam mal esta parte da Escritura e dizem que só a Igreja Católica Romana é capaz de interpretar a Bíblia. A passagem, entretanto, fala da direção de Deus aos homens que escreveram a Bíblia e não diz que somente alguns possam interpretá-la. O Apóstolo Paulo louvou os crentes de Beréia, por examinarem eles próprios as Escrituras para ver se o que ele estava lhes ensinando era realmente escriturístico: Ora, estes eram mais nobres que os de Tessalônica. Pois acolheram a palavra com toda a prontidão, perscrutando cada dia as Escrituras para ver se as coisas eram mesmo assim (Atos 17:11). Se eles fizeram bem em testar os ensinos do Apóstolo Paulo, comparando-os com os das Escrituras, que eles já haviam lido, quanto mais nós deveremos aplicar o mesmo teste às Tradições das Igrejas de hoje?

O Novo Testamento fala muito sobre as Tradições e as condena, quando elas vão de encontro à Palavra de Deus. Jesus disse: Abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos à tradição dos homens.. Assim invalidais a palavra de Deus pela tradição que transmitistes. (Marcos 7:8 e 13). Ver também Mateus 15:2-6; Colossenses 2:8; 1 Tessalonicenses 2:13; Gálatas 1:14.

Alguns, desejando justificar a autoridade da Igreja Católica sobre as Escrituras, relembram que a Bíblia não contém tudo que Jesus e os Apóstolos ensinaram. Isso é realmente certo. E a Bíblia afirma isto. Este fato, contudo, não nos dá autorização para aceitar as muitas doutrinas Católicas que são explicitamente contrárias aos ensinos das Escrituras (Apocalipse 22:18-19; Marcos 7:3-13). A Bíblia contém tudo de que necessitamos para ser levados à fé em Cristo e nos ajuda a crescer na fé (João 20:30-31; 2 Timóteo 3:16-17).

A grande maioria das diferenças entre os crentes bíblicos Protestantes e a Igreja Católica Romana não provém das interpretações diferentes da Bíblia, ou de Bíblias diferentes, mas do caso de quem é a autoridade final. A Bíblia deve ser interpretada à luz da própria Bíblia e não dobrada e colocada à parte a fim de honrar pronunciamentos de Papas, concílios ou tradições (2 Tessalonicenses 2:15; 3:6).

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